segunda-feira

velhice

Uns falam sobre a vida. Como se ela tivesse duas faces. mas por vezes esquecem-se de uma outra coisa que faz parte da vida. O que nos faz ficar pesados e cansados. O que nos faz ficar mais ingénuos, sem nada para fazer. Faz com que nos tornemos mais sensíveis, sentimentais, por vezes com menos esperanças e vontade de viver. Dá-nos cabelos brancos, problemas na vista, nos dentes e rugas na pele. A partir duma certa altura tira-nos o prazer e o “poder sexual”. Tira-nos a elegância, pele macia e beleza. Tornamo-nos velhos “sem mais nem menos”. A velhice, parecendo que não, é uma fase das nossas vidas mais difíceis. Crescemos até um certo ponto, criamos famílias e um futuro. Mas depois a velhice acaba com isso tudo. A dependência sob os nossos filhos cresce. O papel inverte. Porque razão estou a dizer isto? Porque por vezes vou sozinha na rua, olho para o longe e vejo uma dúzia de velhinhos sentados, sozinhos ou acompanhados por pessoas da mesma idade. O seu cheiro característico é naftalina, agua de colónia bastante forte, tabaco ou o belo do “cheirinho”. Mandam os seus piropos por mulheres e miúdas que passam por ali. Uns com cigarros na mão, outros com um ‘’cheirinhos’’ mas a maioria com uns olhos tristes. Olhos de quem já viu muita ,muita coisa. Olhos de quem já chorou muito e sorriu também. olhos que vêem a sua hora de fechar. Eles estão na sua sombrinha, sem nada para fazer. A falar do futebol e politica vezes sem conta. Repetidamente a mesma conversa. Passado horas passo novamente por lá. A situação é exactamente a mesma. A velhice provoca a monotonia, construíram um futuro para agora estarem parados, para agora terem doenças. As forças enfraquecem, idade aumenta e a rabugice também. Às vezes digo que tenho mais medo da velhice do que da morte. Tenho medo de viver na solidão, de já não ter coração para amar, de passar horas em jardins ou a ver “você na tv”. Quero, sem duvida, ter filhos, netos e bisnetos. Quero viver rodeada de crianças e animais. Não me interessa o que vão ou não pensar. Mas se eu chegar a velha vou fazer de tudo para que seja a melhor fase da minha vida. E, claro, vou levar sempre um ‘’amanhã’’ comigo a viver como se só houvesse ‘’hoje’’.

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